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2003

VI Estação da Cena Lusófona
Centros de Intercâmbio Teatral

CIT Bissau

CIT S. Tomé

Criação Artística
Formação
3º Estágio Internacional de Actores
Centro de Documentação e Informação
Edições

 
VI Estação da Cena Lusófona
A VI Estação da Cena Lusófona realizou-se este ano, em co-produção com Coimbra Capital Nacional da Cultura 2003, entre os dias 5 e 15 de Dezembro, em Coimbra, cidade que acolhe a associação desde a sua génese. Ao contrário das edições anteriores, em que o evento se repartia por várias cidades (como a IV Estação que circulou por Évora, Braga e Coimbra), este ano optou-se por centrar a iniciativa numa única cidade, alargando-a a três espaços culturais: Oficina Municipal do Teatro, Teatro Académico de Gil Vicente e Museu dos Transportes.
Nesta sexta edição apresentou-se um programa visivelmente mais ambicioso e mais diverso do que nas anteriores, contando com a presença de cerca de duzentos participantes oriundos dos vários países da CPLP. A programação incluiu teatro, música, cinema, um espaço de debate sobre obras dramatúrgicas de vários autores ao qual se deu o nome de Tertúlia dos Dramaturgos e um Espaço Brincante dedicado à partilha e aprendizagem de vários saberes teatrais.
A programação teatral deste ano teve início com “O Horácio”, uma peça com encenação de Pierre Voltz que assinalou o final do III Estágio Internacional de Actores e que resultou de uma co-produção entre A Escola da Noite, Cena Lusófona e Coimbra 2003. Para além de “O Horácio”, a Cena Lusófona também co-produziu, “Nikecthe”, do grupo moçambicano Hala Ni Hala, “Pedro Andrade, a Tartaruga e o Gigante” do grupo sãotomense Cena Só e “Makbunhe” do grupo guineense Os Fidalgos, espectáculos que estrearam na Estação.
A Associação Burubr, constituída por artistas de Cabo Verde residentes em Portugal, representou este país com uma obra emblemática «Chiquinho», de Baltazar Lopes da Silva.
Ainda na área do teatro, as companhias brasileiras trouxeram até Portugal uma bagagem cheia de histórias que se transformaram em espectáculos com características especiais que marcam a diferença entre os estados com que a Cena Lusófona costuma trabalhar. Com o “Cabaré da Rrrrraça” pelo Bando de Teatro Olodum, de Salvador da Bahia, viajou-se até à temática racial do negro no Brasil; ouviu-se as conversas de Herbert e Fany no espectáculo “A Bota e Sua Meia”, levado à cena pela Face&Carretos de Porto Alegre; e observou-se de perto o universo controverso de Thomas Bernhard em “A Força do Hábito” com a Mais!Produções Artísticas também de Porto Alegre.
Portugal esteve representado na programação teatral pela Companhia de Teatro de Braga com “Uma Comédia na Estação” e pela Quinta Parede, com o monólogo “Nojo”, interpretado por Dom Petro Dikota.
Pela primeira vez uma companhia galega, Sarabella Teatro, participou nestes encontros, culminando um ano de contactos produtivos com esta região autonómica de Espanha.
António Nóbrega marcou a estreia do Espaço Brincante, nas tardes da Oficina Municipal, uma homenagem da Cena Lusófona a este performer que tem vindo a desenvolver o seu trabalho na área da cultura popular brasileira. Ainda do Brasil, “Oxente Cordel de Novo?” pelo Bando de Teatro Olodum numa incursão pelo mundo da linguagem de cordel e a contadora de histórias Lena Wild, que apresentou num ambiente místico e mágico “Conto na Cuia”, a narração de contos e lendas da Amazónia. Candido Pazó e Quico Cadaval, contadores de histórias galegos e a companhia de teatro portuguesa Teatrão com o espectáculo “Daqui...Dali...D’acolá” , foram duas presenças que assinalaram a sua apresentação neste espaço. O músico Mário Lúcio também participou com uma pequena conversa que intitulou de “Luso-Mestiçagem”.
O Brasil contou com uma forte presença na programação musical em quatro espectáculos que mostraram formas distintas de fazer música e transmitiram a diversidade melódica existente no seu país. António Nóbrega apresentou, pela primeira vez em Portugal, o seu último trabalho “Lunário Perpétuo” onde encantou o público e o conseguiu conquistar para dançar ao som das suas músicas de cariz popular. Inéditos foram também os espectáculos de Virgínia Rodrigues, Cida Moreira e Wisnik/ Tatit/ Ná Ozzetti e Dante Ozzetti que, numa primeira apresentação ao vivo aos espectadores portugueses no palco do TAGV, conseguiram cativar aqueles que ainda não os conheciam e surpreender os que apenas os tinham ouvido.
Ainda dentro da programação musical e a encerrar o festival, Mário Lúcio, líder do grupo caboverdeano Simentera, apresentou em estreia absoluta “Tradi-Sons”, um espectáculo exclusivamente preparado para a VI Estação, que incluiu a participação das Batukaderas Finka Pé e do grupo de dança contemporânea de Cabo Verde, Raíz di Polon.
Flora Gomes, cineasta guineense, foi outro dos participantes a quem a Cena Lusófona quis prestar homenagem com um ciclo de cinema dedicado à sua obra. Neste ciclo foram exibidos todos os filmes realizados por Flora Gomes e “Flora Gomes, Identificação de Um País”, um documentário realizado por Maria João Rocha e Diana Andringa durante a rodagem da longa metragem “Pó di Sangue”. Os momentos que se seguiram à exibição dos filmes no bar do TAGV foram, na opinião do cineasta, muito gratificantes porque não só permitiram a troca de impressões e descobertas sobre as obras visionadas, como também possibilitaram aos espectadores conhecerem melhor o homem por detrás da câmara.
A Tertúlia dos Dramaturgos realizou-se durante seis dias no Hotel Astória possibilitando a Naum Alves de Souza, Aimar Labaki, Cunha de Leiradella, Cleise Mendes, Abel Neves e José Mena Abrantes, conhecer um pouco mais da obra de cada um. Em cada sessão era feita a leitura de uma peça (ou excerto) de um dos dramaturgos, contando com a colaboração de vários actores que participaram na Estação. Este era apenas o ponto de partida para uma viagem ao interior da peça, da obra do autor, do seu percurso e do seu país de origem. Uma conversa para a qual o público era convidado a participar e que se traduziu numa importante partilha entre a escrita e o palco. “Foi uma grande experiência o convívio com pessoas e artistas de tantos países que falam a língua portuguesa. Horizontes se abrem a partir de iniciativas como esta. Voltei de Portugal mais enriquecido, mais aberto para um mundo que me era praticamente desconhecido.” Naum Alves de Souza

   

 

 

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