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“Quem Me Dera Ser Onda” estimulou acção criativa e formativa da Cena em Angola


Operação Luanda

A remontagem para os palcos de “Quem Me Dera ser Onda”, novela de 1982 que constitui o maior sucesso do angolano Manuel Rui Monteiro e um marco da literatura angolana contemporânea pós-Independência, com mais de cem mil exemplares vendidos até à data em todo o mundo, foi o mote para a última missão da Cena Lusófona em Angola. Cândido Ferreira, depois de uma primeira adaptação teatral da obra em Portugal e com um elenco português (a peça esteve em cena em Outubro de 2001, na Comuna), voltou a agarrar no texto de Rui Monteiro, desta feita em Angola e com actores angolanos.
Em seu torno, a Cena Lusófona concretizou uma vasta operação teatral em Luanda, sob a coordenação do encenador português Cândido Ferreira, entre Novembro e Dezembro do ano transacto, estendendo-se até meados de Janeiro de 2002. Aqui, para além da montagem de uma outra peça, “O Que Fazem As Mulheres”, com base numa colagem de textos de Camilo Castelo Branco, a formação ocupou um lugar de claro destaque.
O jovem cineasta Ivo Ferreira, por exemplo, dirigiu na capital angolana uma Oficina de vídeo para teatro, para além de fazer o registo audiovisual da acção, que será a base de um documentário sobre a iniciativa, e de ter também feito o desenho de luzes e a concepção do espaço cénico. E o próprio Cândido Ferreira aproveitou o trabalho de selecção de actores, para levar a cabo uma Oficina de iniciação teatral. Nas duas acções de formação, realizadas no Centro Cultural Português, participaram mais de 50 formandos angolanos. E não faltou um importante trabalho com crianças de rua da capital, a cargo principalmente da jovem actriz portuguesa Patrícia Abreu, coordenadora do elenco infantil e juvenil da iniciativa.
“Quem Me Dera Ser Onda”, por seu turno, estreou com grande sucesso em Luanda, em 18 de Dezembro de 2001, devendo constituir a representação angolana à próxima Estação da Cena, em Agosto próximo em São Tomé. Na principal cidade angolana, esta co-produção entre a produtora Caixindré, o Elinga Teatro e o projecto Contador de Estórias (dois dos principais grupos teatrais luandenses), teve uma carreira fulgurante, mantendo sempre lotações esgotadas, até 9 de Janeiro deste ano no Espaço Cultural Elinga-Teatro. O êxito do espectáculo reflecte-se no facto de ter sido considerado a Peça do Ano 2001 pelo teatro Prémios Cidade de Luanda, organizado pelo Governo Províncial de Luanda, que nomeou ainda para melhor actor do ano Orlando Sérgio (interpretando o personagem Diogo) e melhor actriz para a brasileira Letícia Vasconcelos (Carnaval da Vitória). “Quem Me Dera Ser Onda” foi também gravado pela Televisão Pública de Angola, para futura difusão televisiva do espectáculo.
Para além de Cândido e Ivo Ferreira, a equipa que a Cena Lusófona enviou a Angola contou com os actores portugueses Nicolas Brites (assistente de encenação e monitor do “workshop” de teatro tendo também assinado os adereços e a concepção do respectivo espaço cénico) e Patrícia Abreu, com a actriz e cantora brasileira Letícia Vasconcelos (que assumiu o personagem Carnaval da Vitória em “Quem Me Dera Ser Onda”, bem como a direcção musical do espectáculo) e com o produtor Alberto Cardoso, o homem da logística, que acompanhou todo o projecto, entre Lisboa e Luanda.
Os participantes envolvidos nos “workshops” executaram um exercício final, que foi apresentado publicamente. O exercício teatral foi levado à cena no espaço do Elinga-Teatro e na praça fronteira ao edifício. A mostra de vídeo, especialmente dedicada ao registo audiovisual de espectáculos, decorreu no auditório Pepetela, no Centro Cultural Português. Do conjunto desta acção em Luanda resultará, ainda, um documentário, da autoria de Ivo Ferreira. A editar pela Cena Lusófona, o filme procurará reconstituir as experiências, a memória, o resultado e as expectativas do projecto.
Esta iniciativa da Cena Lusófona não teria, certamente, sido tão bem sucedida sem os apoios que mereceu, principalmente de entidades locais. Desde logo apoio técnico e artístico pelas companhias luandenses que se associaram ao projecto, o Elinga-Teatro e o Contador de Histórias, que deram um contributo inestimável no que toca ao trabalho de “sapa” no terreno, seja no recrutamento de técnicos e actores (oriundos de outros grupos da capital angolana, de carácter amador, como Os Desejáveis ou o Miragem) seja no aluguer do material técnico indispensável, entre outras “pontes” ali criadas. Destaque ainda para o apoio financeiro directo de instituições como o Ministério da Comunicação Social ou a Sociedade Tambarino.
Será também justo referenciar os apoios financeiros indirectos, as pequenas/grandes contribuições com bens e serviços para este projecto, a começar pela Embaixada de Angola em Portugal, fornecendo vistos de cortesia aos participantes. A companhia aérea TAAG, A ESCOM (Espírito Santo Commerce Trading), o grupo comercial Jumbo, a TPA (Televisão Pública de Angola), a Tipografia Corimba, a Gesthotel ou a luandense Pastelaria Bolo Rei, foram outras das instituições que apoiaram esta acção.


 
 
 
 
Adaptação e Encenação
Cândido Ferreira

Assistência de Encenação
Nicolas Brites

Direcção de Actores (crianças)
Patrícia Abreu

Música Original
Miguel Cervini

Letras
Cândido Ferreira

Direcção Musical
Letícia Vasconcellos

Cenografia e figurinos
Colectivo

Adereços
Lino Damião, Nicolas Brites, Isabel Carretas

Design gráfico
Yonamine Miguel, Marco Kabenda

Realização do vídeo do espectáculo e desenho de luz
Ivo M. Ferreira e Colectivo

Operador de Luzes
Kiluange Kia-Henda

Produção
José Mena Abrantes, Alberto Cardoso, Orlando Sérgio

Interpretação
Diogo - Orlando Sérgio
Liloca - Amor de Fátima Mateus
Ruca - Nelson Major
Zeca - Kixixi
Carnaval da Vitória - Letícia Vasconcellos
Nazário - Virgulino Capomba
Coordenadora de desenho - D. Xica Manuela Romão
Beto - Mílton Coelho
Fiscal/Coordenador chefe - Raúl de Rosário
Coordenadora pedagógica - Kelinha Van-Dúnen
Faustino/Coordenador de literatura/Camarada - Kiluange M100c
Estagiário/Controlador da porta - Fábio Cassule
Mulher do Faustino - Oldemira Lobo
Professora - Cláudia Bezerra e Palmira Alfredo
O.D.P. - Jinguba
Miúdos - Eufânio Nádia, Fernando Madaleno, Luzolo Leão, Tchaluma de Azevedo, Clarisa d'Alva

Músicos
Guitarra solo - Rasta Congo
Bateria - Toke E. Esse
Guitarra ritmo - Tucas
Percussão - Joseph Kajihaad