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Andrzej Kowalski prepara documentário
Carnaval na Guiné
uma grande "desbunda" multi-étnica

A diversidade cultural de um “pequeno país gigantesco”, a Guiné-Bissau, mínimo na geografia mas com 23 etnias e 9 idiomas, concentra-se todos os anos em meados de Fevereiro na capital, Bissau, numa enorme e inebriante manifestação de alegria popular. Trata-se do Carnaval, tradição originalmente europeia, mas que nesta nação africana assume matizes de identidade social e artística ímpares. Andrzej Kowalski, realizador e colaborador habitual da Cena Lusófona, assumiu a missão de registar em vídeo este acontecimento colorido e multifacetado, encontrando-se a ultimar um documentário sobre o Carnaval da Guiné-Bissau 2002, a apresentar no âmbito da próxima Estação da Cena Lusófona, em Agosto, em S. Tomé e Príncipe.
Difícil para o videasta será seleccionar de entre cerca de 15 horas de imagens recolhidas nas reportagens efectuadas para este projecto da Cena, condensando-as em meia-hora de documentário. Isto só em Bissau, mas como salvaguarda o realizador, «o Carnaval da Guiné-Bissau não é só em Bissau, filmámos em Bissau, mas o Norte também tem, o Sul também, de maneira um pouco mais reduzida, mas realmente é um Carnaval da Guiné, não tem nada a ver com o Carnaval europeu, das meninas a imitar as brasileiras, em Fevereiro (Inverno), em biquini».
Até à Independência o Carnaval era europeizado. Hoje é uma multiplicidade de palcos a “explodir” em manifestações etnográficas de raiz local, em que a tradição festiva guineense extravasa completamente pelos bairros e ruas da capital. O esquema base, explica Kowalski ao Cena Aberta, não deixa de encontrar paralelos com os carnavais de carácter europeu ou brasileiro, com um grande desfile principal na avenida central de Bissau, dedicado este ano ao tema da Reconciliação Nacional, e inúmeros pequenos desfiles paralelos. Contudo, acrescenta com entusiasmo, «é uma desbunda completa, mas organizada», onde há «uma grande etnização do carnaval». Formalmente, os desfiles associam-se a bairros, «mas não há dúvida nenhuma que nos grupos que aparecem sentes que uns são mais Balantas, mais Papeis, mais Bijagós, Ndingas, etc., começam a assumir-se como tal». E, como tal, cada bairro acaba por representar uma das muitas etnias guineenses.
«Nesta perspectiva o festival é um pouco o desfile de vários grupos étnicos, é um festival de tradições, onde as máscaras ganham grande importância, e quase todas correspondem à simbologia étnica de cada grupo», frisa o realizador, acrescentando que «cada grupo concorre com uma rainha, máscaras e danças, mas ao mesmo tempo em que este desfile principal vai subindo até à tribuna principal, em frente ao palácio presidencial, tens constantemente, em paralelo, desfiles espontâneos, para baixo, para cima, para o lado, uma confusão completa. A filmar, quase não sabes para que lado virar a câmara, porque constantemente se passam várias coisas, para além de outros bairros, que também têm os seus desfiles organizados». A não perder, em breve, em mais um registo documental da Cena Lusófona.


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