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2000




O Embondeiro que sonhava pássaros

O Teatrão iniciou a sua actividade em 1994 como companhia profissional de teatro para a infância, em Coimbra, e tem tido uma actividade permanente desde então.

Após negociações com o Colégio S. Teotónio formalizou-se um protocolo que permitira à companhia utilizar aquele espaço com realizações culturais dirigidas prioritariamente à infância e à juventude. E este protocolo prevê a utilização do espaço cénico durante seis meses por ano por um período mínimo de cinco anos.

O Teatrão de 1994 a 1999 montou nove espectáculos: Eles devem estar loucos (1994), Os camelos não se pescam a linha (1995), O Natal (1995), Uma lua entre duas casas (1996), O caçador de ilusões (1997), Os palhaços (1997), Hotel Luso (1998), A História da Lua e do Mar (1998) e O Pequeno Monstro (1999). Isto apesar de ter andado sempre a saltitar de espaço para espaço sem condições de trabalho.

Para além do subsídio anual que mais uma vez foi atribuído pelo IPAE do Ministério da Cultura, O Teatrão tem protocolos assinados com as Câmaras de Cantanhede, Coimbra, Góis e Miranda do Corvo.

 

Encenação e versão dramática
Dar a conhecer e a vivenciar as outras musicalidades e saberes da língua portuguesa ao jovem público, é embala-los para sonharem outras aventuras.

Aventuras cuja mitologia escapa aos limites do "claro" lado da civilização judaico-cristã e os inicia no mundo da sombra, da mãe natureza e do instinto. Mundo primordial onde a seiva da existência corre naturalmente na árvore da vida, onde o fim é também o inicio. Espírito e matéria - uma só e mesma realidade.

O Embondeiro de Mia Couto parece simbolizar a sabedoria dos ciclos da natureza que integram a vida e a morte. Parece mostrar que o domínio da actividade humana é o aqui e agora do mundo terreste e não uma eternidade etérea.

"é verdade mãe aquela árvore é capaz de grandes tristezas. Os mais velhos dizem que o embondeiro, em desespero, se suicida por via das chamas. Sem ninguém pôr fogo."

Diz a criança, personagem que personifica o germem da espontaneidade, do natural, da energia vital, do renovamento da vida.

A mãe responde: "disparate".

Assim o jogo dramático articula-se entre o bom senso comum unilateral e a pluralidade de sentidos que a vida e o mundo do imaginário propõe e, ao mesmo tempo, atomisa para além do pequeno ego, a procura de uma totalidade do ser.

Neste momento em que a demagogia da miscigenação é para branquear uma realidade cada vez mais racista e xenófoba, apesar de vivermos num país de vocação emigrante, este texto agudiza poeticamente esta problemática, transcende a mera denúncia e nos abre horizontes insuspeitos.

O teatro como sincretismo de expressões que não se confina às palavras. Teatro endereçado ao jovem público com o misterioso sentido da arte. Processo de criação de uma linguagem alquímica, onde a mistura dos sotaques de expressão portuguesa e das linguagens artísticas, despertem nestes jovens a curiosidade para outros sentires e outras convivialidades.

José Caldas

Da cena musical
Mia Couto tem o dom de traduzir o mínimo em vastidões: cada palavra sua é por si só uma história, muitas paisagens: contos dentro do conto. Adentrar nestes pequenos universos, sem romper o equilibrio, só uma música quase nua, toda feita de nadinhas subtis, de sugestões...

Com palavras, frases e bocados de parágrafos extraídos dos livros "Cada Homem é uma Raça" e "Estória abensonhadas", surgiram pequenos poemas canções, frases melódicas e rítmicas – gritaria de aves, chilreio de crianças – que saltitaram de galho em galho até encontrar um seu espaço dentro do conto. Outros galhos já vinham envoltos em música: elas possuíram os actores e se revelaram.

O que se buscou . – e também o que surgiu – foi este intercâmbio de paisagens, de mínimas vastidões: lugar onde a música é cena e a cena é música, onde cantar é só uma música diferente que a fala tem, onde falar é somente um outro modo de se ter uma melodia, onde não há uma distinção entre música e teatro.

Tilike Coelho

FICHA TÉCNICA
O Embondeiro que Sonhava Pássaros
a partir do conto homónimo de Mia Couto
Com
: Cristina do Aido, Nuno Pinto e Raul Rosário
Encenação e versão dramática: José Caldas*
Música e direcção musical: Tilike Coelho*
Desenho de Luz: Jorge Ribeiro
Fotografia: Susana Paiva
Técnico de luz
: Gilberto Pereira
Design Gráfico: Ferrand, Bicker e Associados
Figurinos
: Joaquim Magalhães
Cenografia: Çarlos Madeira
Adereços
: Alfredo Santos e José Baltazar
Produção
: Sara Gil
Secretariado
: Cláudia do Vale

*Artistas da Quinta Parede - Grupo de Teatro de Vila do Conde

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