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Colecção
Cena Lusófona


NOTA DE ABERTURA
António Augusto Barros

Porque é que uma revista de teatro dedica um número especial a um autor como Ruy Duarte de Carvalho?

Trata-se de uma pergunta com várias respostas mas, ainda assim, sem a resposta óbvia. Existem respostas ou razões do nosso lado e outras do lado do autor.

Do nosso lado há que dizer que esta revista tem do teatro um conceito lato, enquanto campo de diálogos justapostos que sempre foi, aberto às interferências do real e às visões dinâmicas que dele a arte nos dá conta e propicia. O projecto de onde parte esta revista, pelas suas características e objecto, aproximou-a, em particular, da antropologia e da antropologia teatral, mas também dos vários géneros literários e dos vários modos, orais e escritos, do trabalho sobre a palavra dentro do horizonte geo-cultural da CPLP.

Do lado de um autor como Ruy Duarte de Carvalho as razões são diversas, os pretextos múltiplos. Aos poucos, de um modo lento, na incorporação de experiências vividas e reflectidas, RDC foi construindo uma obra colossal, entre as maiores no mundo contemporâneo de língua portuguesa, pela sua originalidade, sentido prospectivo e pela diversidade temática, estilística e instrumental.

A leitura das suas obras antigas surpreende-nos e incomoda-nos (pela nossa indiferença de décadas). Veja-se, a este propósito, o volume Lavra que a editora Cotovia publicou em 2005 com a recolha de toda a obra poética. Mas a fase actual é de plena pujança e maturidade, surpreendendo-nos a cada novo volume.

A poesia primeiro (e sempre, como ele sublinha); o cinema que fez e sobre o qual deixou reflexão importante (ainda quase desconhecida), o trabalho de campo do antropólogo, que mais tarde viria a desembocar em Vou lá visitar pastores, essa obra de referência obrigatória; o apostolado docente, “civil” e universitário; a surpreendente ensaística política das actas da maianga; a ficção, sua liberdade última, em plena exploração mas já enunciada nos contos de como se o mundo não tivesse leste; tudo isto imbricado, articulado, num género cada vez mais difícil de definir, numa inquieta singularidade experimental.

Foi este o autor que a Universidade de Coimbra colocou no centro da programação da sua VII Semana Cultural (2005) em iniciativas para as quais convidou o autor e alguns estudiosos da sua obra.

Este número da Setepalcos expressa o conteúdo desse conjunto de iniciativas, feitas em colaboração com a Cena Lusófona e a Universidade, e pretende dar uma panorâmica do conjunto da obra deste autor.

Queremos destacar que a edição deste número só foi possível graças à colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian e do seu Serviço de Educação, a quem, em especial, agradecemos.

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