O brasileiro Mário Bortolotto, “dramaturgo, escritor, diretor, ator, sonoplasta e iluminador”, optou pela edição guerrilheira das suas obras. E, pelo que confessa em cenaberta, não está arrependido. Sempre escrevi prolificamente. Tenho cerca de 50 textos de teatro. Precisava fazer escoar esse trabalho. As pessoas me ligavam pedindo textos. Eu tinha que mandar pelo correio. Fui me cansando disso tudo e então resolvi publicar de uma vez alguns textos. O primeiro Volume foi publicado em 97 e saiu com seis peças de minha autoria (Medusa de Rayban, Vamos Sair da Chuva quando a Bomba cair, Fuck you, Baby, Fica Frio - Uma Road Peça, Leila Baby, O Cara que dançou comigo). Foi o resultado de uma parceria minha com a Editora Atrito Art que já havia publicado um romance policial de minha autoria (Mamãe não voltou do Supermercado). E o livro só conseguiu ganhar publicação através da Lei de Incentivo Cultural da Prefeitura Municipal de Londrina e da Caixa Econômica Federal. Não faço idéia se há ou não interesse de outras editoras na publicação dos referidos textos. Nunca fui atrás de Editora nenhuma. Publico os livros pela Atrito Art que é uma editora de Londrina e que trabalha em sistema de parceria comigo. Gosto da idéia de publicar independente. Vendo os livros com muita facilidade. Já estou no Quarto Volume de Peças e os dois primeiros estão completamente esgotados esperando por uma nova edição. Já estou no quarto volume (esse saiu com doze peças) e já estou pensando em lançar o volume 5 no próximo ano. Tenho que encontrar tempo pra fazer isso. Esse é o meu maior problema. Encontrar tempo entre todas as atividades que estou envolvido. Não há um sistema eficaz de distribuição. Eu vendo nos teatros que estou apresentando, pela internet ou pelo correio. É muito raro encontrar algum livro meu em livrarias. Não me preocupo com riscos ou prejuízos. Aliás, nunca me preocupei com isso. Se me preocupasse, não conseguiria fazer praticamente nada do que faço. As edições costumam ter tiragens pequenas (1.000 exemplares cada), mas como já disse os dois primeiros volumes estão esgotados. O volume 3 deve se esgotar em breve. E o que tenho percebido é que não são apenas pessoas envolvidas no metier teatral que se interessam e adquirem os livros. Pessoas interessadas em apenas ler e conhecer a obra também compram. Entendo cada vez mais a necessidade premente de outros dramaturgos também insistirem na publicação, mesmo que em atitude guerrilheira, de seus textos. Percebo que o Dramaturgo publicado, e a Dramaturgia só tem a ganhar, e muito, com tais publicações.
Mário Bortolotto nasceu em Londrina-Paraná em 1958. É dramaturgo, escritor, diretor, ator, sonoplasta e iluminador. Já cola-borou para jornais escrevendo sobre literatura, teatro, cinema, música, histórias em quadrinhos e futebol. Produziu e apresentou durante três anos o Programa “Estação Blues” na Rádio Universidade FM de Londrina. É também compositor e canta na banda de rock “Tempo Instável” e no Trio de Blues “Saco de Ratos Blues”. Lançou os livros Bagana na Chuva (romance), Mamãe não voltou do Supermercado (romance policial), Para os Inocentes que ficaram em casa (poesia), Gutemberg Blues (textos jornalísticos) e o CD “Cachorros gostam de Bourbon”.
Ganhou o Prêmio Shell em 2000 de “Melhor Autor” pelo texto Nossa Vida não vale um Chevrolet.
Ganhou o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) pelo Conjunto da Obra. Também lançou quatro volumes com suas peças de teatro:
Seis peças de Mário BortolottoVolume1
Com os textos: Medusa de Rayban, Vamos sair da chuva quando a bomba cair, Fuck you, Baby, Fica Frio - Uma Road Peça, Leila Baby e O Cara que dançou comigo.
Seis peças de Mário BortolottoVolume 2
Com os textos: Postcards de Atacama, Nossa Vida não vale um Chevrolet, Uma Fábula Podre, Curta Passagem - Quatro Pocket Peças, À Queima-Roupa e A Lua é Minha.
Sete peças de Mário BortolottoVolume 3
Com os textos: Tempo de Trégua, Getsêmani, Gravidade Zero, Efeito Urtigão, Felizes para Sempre, Diário das Crianças do Velho Quarteirão e À Meia-Noite um solo de sax na minha cabeça.
Doze peças de Mário BortolottoVolume 4
Com os textos: E éramos todos Thunderbirds, Hotel Lancaster, Homens, Santos e Desertores, O Método, Vem pra Chuva, Baby, Os Anjos vão para o Céu, Cocoonings, Será que a gente influencia o Caetano?, Para Alguns a Noite é Azul”, Deve ser do caralho o Carnaval em Bonifacio, Fora de Hora e Brutal.